O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

sábado, agosto 20, 2005

Memória


Aos meus amigos que, de quando em vez, glossam com os meus lapsos de memória, respondo que se trata tão somente do desenvolvimento, só possível com o decorrer dos anos, daquilo que vulgarmente se chama memória selectiva. Ou seja, a partir de certa altura os processos de memorização tornam-se mais exigentes e apenas retêm aquilo que consideram verdadeiramente importante. E ainda bem. Já repararam a chatice que era lembrarmo-nos dos jogadores da equipa do nosso ódio de estimação, dos programas da "quatro", das músicas da Ágata, dos livros da Margarida Rebelo Pinto ou dos filmes do Joaquim de Almeida? Para não falar de ministros, directores-gerais, chefes de repartição ou colegas de profissão invejosos. Que espaço ficaria no disco para cantarmos as vitórias do nosso clube, dar-mos uma olhadela pelo People and Arts, ouvir a Calcanhoto, ler o Garcia Marquez ou ver um Pasolini? Nenhum. Sejamos, por isso, selectivos como a memória. Que é como quem diz, criteriosos nas escolhas. Agora me lembro. Comecei a escrever esta treta porque me esqueci do tema sobre o qual pretendia falar.
Pois é, às vezes também acontece, confundir o mais fácil com o mais importante.