O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

domingo, novembro 19, 2006

O PORTO DE OUTROS TEMPOS

Do Porto e das suas gentes disse uma vez Almeida Garrett: "No Porto são muitos os que trocam os "vês" pelos "bês", mas poucos os trocam a liberdade pela servidão."
Muitos anos depois Eugénio de Andrade, um dos seus filhos adoptivos, diria: "As cidades são como as pessoas, ou têm carácter ou não têm. E as que o têm, devem preservá-lo."

Como amante desta minha cidade, inicio hoje a divulgação através da fotografia de alguns locais que fizeram parte da sua história, muitos deles já desaparecidos. Em relação a estes, procurarei sempre que possível, mostrar o que "nasceu" no seu lugar. Infelizmente, muitas das vezes, foram autênticos "abortos", e ainda por cima, ilegais. Que a todos, portuenses ou não, faça muito bom proveito.















PALÁCIO DE CRISTAL - Antes
















PAVILHÃO ROSA MOTA - Depois

Para os portuenses será sempre "O PALÁCIO". A 3 de Novembro de 1861 o rei D.Pedro V presidiu à cerimónia do lançamento da primeira pedra para a sua construção. A 18 de Novembro de 1865 foi inaugurado por D.Luís. Media 105 metros de comprimento e 72 de largura tendo as obras de ferro e cristal ficado por 76 contos e as de pedra, por exemplo, por 32 contos...
Nos anos 50 foi demolido para dar lugar a um Pavilhão de Desportos, necessário na altura para a realização de um Campeonato do Mundo de Hoquei em Patins (em que estive infantilmente presente).

Desse tempo recordo os passeios nocturnos com os meus pais pela Avenida das Tílias, que atravessava os seus frondosos jardins, os "furos" nas caixas de chocolates da Regina aguardando anciosamente que saísse a bola dourada, as batatas fritas com mostarda da Savora, o passeio de barco no lago e por fim o regresso a casa de "eléctrico" já carregado de sono, de dores nas pernas e de felicidade.
De dia, era imprescindível uma visita ao mini-zoo, onde se destacava o Leão (único e sempre a dormir), o Xico (o macaco) e os faisões. Perto da Capela do Rei Carlos Alberto (já referida em post anterior) desfrutava-se (e desfruta-se ainda) uma vista magnífica sobre o Douro e sobre Gaia.

Com tudo era grande na altura. É esta a ideia com que fico sempre que por lá passo e me parece tudo muito mais pequeno... Porque, como diz Saramago, "... a criança que eu fui não viu a paisagem tal como o adulto em que se tornou seria tentado a imaginá-la desde a sua altura de homem..." porque ela "estava simplesmente na paisagem, fazia parte dela..."