O PORTO DE OUTROS TEMPOS
Ponte Pêncil
"A abertura da Ponte Pencil devia ser feita com solemnidade, convidhando as authoridades e pessoas de distincção, mas a repentina e grande enchente do Rio Douro obrigou a retirar-se a de Barcas, e dar-se passagem pela pensil; este acontecimento fez com que não se pudesse pôr em práctica o que deixo dicto. E sim faço público que desde hoje em diante fica servindo de passagem publica a Ponte pencil pois que a de Barcas sahiu de vez. Porto 18 de Fevereiro de 1843" - João Coelho de Almeida
Foi assim que, à data, a imprensa noticiou a abertura ao trânsito da Ponte Pêncil, que iria substituir a Ponte das Barcas existente no mesmo local mas que já não respondia às exigências do tempo, pois, veja-se, tinha der ser cuidadosamente desmontada quando se previa uma cheia do Douro. A sua construção foi obra do projectista francês Stanislas Bigot, tendo as obras começado a 2 de Maio de 1841, aniversário da coroaçõao da rainha D. Maria II.
O seu tabuleiro foi construído em madeira importada da Suécia, sustentado por quatrocentos cabos de ferro entrançados entre si. A montagem destes cabos foi efectuada num estaleiro situado em Miragaia, onde se encontra hoje o edifício da Alfândega, tendo sido necessários cerca de 400 homens para os colocar nas barcaças que os conduziriam ao local da construção.
Na margem do Porto, entre as duas torres (visíveis, ainda, na foto da direita) que nos recordam a sua existência, subsiste a fachada da casa do guarda que zelava pelo cumprimento das regras de travessia da ponte.
Após a construção da sua irmã mais nova (com quem conviveu ainda alguns anos), a Ponte D. Luís, a qual assegurava a passagem do rio à cota alta e também à cota baixa, foi desactivada em Outubro de 1887, face à perspectiva de mais uma cheia. Ou seja, os mesmos fantasmas (as cheias) na origem do seu nascimento e da sua morte...
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