O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

domingo, agosto 07, 2011

TONY FAZ CARREIRA


António Manuel Antunes cresceu na Pampilhosa da Serra alimentado a couvada, maranho e caldo de castanhas, enquanto alimentava o sonho de um dia vir a dar sopa nas artes do espectáculo. Para tal, começou por dar corda às ditas vocais em concertos nas aldeias vizinhas. De seguida, e à medida que o sucesso calcorreado pelas estradas da Beira ía deixando pela beira da estrada o anonimato, iniciavam-se os retoques de imagem, a começar pelo nome. E não fez a coisa por menos. Seguiu o exemplo internacional de Curtis, Bennett e Blair para já não falar do compatriota Silva e há que colocar Tony no bê-i artístico. Se Curtis se rebaptizou de um complicado Bernard Schwartz muito mais facilmente ele o faria com um simples António.

A vaga deixada pelo anterior titular, um marco que lhe serviu de referência mas que começava a ultrapassar o prazo de validade, necessitava de ser preenchida sem grandes delongas. Atentas ao negócio como é, aliás, seu dever, as Editoras composeram o novo boneco para os(as) não menos atentos(as) seguidores(as) e elas próprias ficaram surpreendidas com o tamanho do sucesso, ainda assim bastante menor que o das novas contas bancárias.

Ele é o espelho e a ponte que reflete o sucesso e conduz as ilusões até às margens da utopia. As fêmeas ululantes, com maridos e namorados deixados presos às super bock e ao futebol, ficam presas àquela figura de olhares cândidos e teleponto gestual. A encenação, com kilowatts de profissionalismo, ilumina as lúbricas paixões atrofiadas que em vagas sucessivas enchem pavilhões do tamanho de oceanos.

Num país de todas as carências em que o Eusébio já teve melhores tardes, a Amália já não sai à noite e Fátima tem dias, abundam o(a)s que mês a mês, ano após ano rezam para que o seu fado deixe de ser um jogo mas rejubilam com os êxitos do Tony, como se o sucesso da sua (dele) carreira fosse o êxito da sua (deles) vida.