O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

quarta-feira, dezembro 27, 2006

POPULAÇÃO DO PORTO DIMINUI


Uma das razões tem a ver com o decréscimo da importância económica da região verificada nos últimos anos devido ao desinvestimento público por parte do poder central e à deslocalização (como agora se diz) das sedes das grandes empresas para a capital com a consequente fuga dos agentes económicos e das cabeças mais ambiciosas. O nível económico das famílias tende, por isso, a baixar, pelo que procuram a periferia para se instalar, onde a habitação é mais barata, criando depois os movimentos pendulares de entrada e saída da cidade com os engarrafamentos que se conhecem e a inerente perda de qualidade de vida.
Temos, depois, o comércio que se instalou nas grandes superfícies que cercam estrategicamente a cidade nos seus principais acessos e que provocam a morte lenta do comércio tradicional e o abandono dos seus proprietários do centro da cidade.
As Universidades, ao serem retiradas da baixa, levaram consigo milhares de estudantes que eram importantes não só para o comércio como para a vida cultural e para a movimentação não só diurna como nocturna do burgo.
O Centro Histórico viveu na década de noventa uma contradição surpreendente que foi o facto de ser classificado mundialmente ao mesmo tempo que se verificava um significativo abandono e degradação do seu edificado. A revitalização económica e cultural desse Centro, entretanto encetada, poucos resultado deu porque os seus residentes não se sentiam identificados não só com a nova arquitectura habitacional como com os novos serviços aí instalados, pelo que a degradação voltou, afastando potenciais casais jovens em início de vida. Aliás, de 1991 a 2001 as freguesias do Centro Histórico perderam mais 22% da população que as do resto da cidade, quando se pretendia precisamente o contrário.
Ainda se pode falar da rede de transportes que teve de ser sucessivamente ajustada às aberrações construtivas permitidas pelas sucessivas revisões do PDM e que tem levado as pessoas, igualmente, a refugiarem-se na periferia.
Reconheço que esta será uma pequena parcela do diagnóstico e que as soluções não são assim tão difíceis de encontrar, as decisões é que o são pois vão mexer com muitos interesses e hábitos instalados, mas eu, como nascido e crescido neste granítico burgo, dói-me vê-lo assim. É que, para além de Património da Humanidade que foi considerado, era também para cada um de nós um Património DE Humanidade, e agora nem uma nem outra coisa.

"Por que nasci no Porto sei o nome das flores e das árvores e não escapo a um certo bairrismo. Mas escapei ao provincianismo da capital"

Sophia de Mello Breyner

2 Comments:

  • At 11:52 da manhã, Blogger MJ said…

    Bom dia :-)
    Quase posso jurar que metade (passe a hipérbole) da população do Porto se mudou para a Trofa :-).
    Veja-se o exemplo da população escolar... está a diminuir em todo o lado (pela diminuição da taxa de natalidade). Na minha escola não pára de crescer, para mal dos meus pecados!

    Um beijo

     
  • At 12:19 da tarde, Blogger alquimista said…

    É verdade. Na minha que é dentro do Porto cada vez há menos turmas. E se a matéria prima nos começa a faltar lá vamos nós ter de ir atrás dela :)))

     

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