O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

quinta-feira, março 13, 2008


O que eu vejo após a Manifestação do dia

8 de Março


  1. Foi, acima de tudo, uma manifestação de desagravo da classe face ao modo como vinha sendo tratada pelo Ministério da Educação mais do que uma reivindicação profissional.
  1. Os professores sentem-se, finalmente, respeitados pelos pais, alunos e população em geral.
  1. Ultrapassou largamente a esfera sindical, o que deitou por terra uma das principais acusações do Ministério.
  1. A classe está, finalmente, unida. Que fazer, agora, com esta união?
  2. Parece, finalmente, ultrapassado o preconceito de que o professor, por inerência da função, deve ser obediente e bem comportado.
  1. É de todo impensável uma solução idêntica à que foi encontrada para o Ministério da Saúde, visto que aí era toda uma população que começava a dar mostra de grande descontentamento, e não só os médicos ou os enfermeiros.

7. Se não fosse degradante, era altamente risível a forma embaraçada como os políticos ligados ao partido do governo tentam explicar o inexplicável, assim como degradante é a ignorância com que os partidos da oposição (?) falam do assunto. As únicas excepções são aqueles que têm em casa alguém da família a dar aulas...

8. Nenhuma das partes negociadoras (Ministério/Sindicatos) vai publicamente assumir algum recuo. Mas, na prática, será isso que vai acontecer. Por duas razões: primeiro, ao governo não interessa que o problema se arraste demasiado, entrando pelo ano eleitoral; segundo, aos sindicatos, pelo facto de a dinâmica da manifestação os ter ultrapassado, interessa não perder a face, dando a entender que um presumível acordo foi conseguido por seu intermédio. Por isso, um ACORDO, será um enorme FAVOR, que cada uma das partes fará à outra. Como sempre pensei, o problema só começaria a ser resolvido quando estivessem na mesa não só questões educacionais mas também políticas. INFELIZMENTE.

9. Ao longo dos anos, as assimetrias do mercado de trabalho trouxeram para o ensino muita gente que apenas queria um emprego e não uma profissão. Muitos deles ajudaram a criar uma imagem nem sempre abonatória para a classe, o que de certo modo tem sido hipocritamente aproveitado pelo governo para confundir na opinião pública a árvore com a floresta.
Mas em todas as florestas, bem lá no alto da copa das árvores há sempre um mocho que, sabiamente, vela pela classe. Na minha secretária, a servir de pisa-papéis tenho um mocho macho. Pronto a ser arremessado a uma certa fêmea, se necessário...