O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

sábado, abril 14, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO

CAPÍTULO 14

Como já vimos atrás, a casa dos meus tios tinha nas traseiras um enorme quintal, enorme para as minhas vistas de criança, que em eu lá voltando hoje, bem pequeno se depararia aos meus olhos que sendo os mesmos de então, outros mundos mais largos entretanto enxergaram e por via disso para o mundo das coisas minúsculas o relegariam, que não era nem grande nem pequeno, era simplesmente um quintal, entendido como o substantivo mais apropriado que encontrei para nomear um lugar daqueles e não como quatro arrobas de trinta e dois arráteis a dezasseis onças por arrátel.
Ao fundo, paredes meias com o galinheiro, estava o aido do porco. Ao lado, o tanque para lavar a roupa e a enorme roda de ferro para puxar a água necessária ao alimento das árvores, das flores e das verduras. Compunha o quadro um enorme pombal, cujas utentes eram tratadas com enorme desvelo e carinho pelo meu tio, que também era padrinho, o Agostinho já atrás citado. Nunca percebi como podia ter tais atenções durante a semana para com as pombas, as rolas e as codornizes, para não falar dos coelhos na coelheira e dos ovos na chocadeira, que também os havia com lâmpada de infra-vermelhos, e levantar-se aos domingos às cinco da manhã, ele, o irmão, os cães e os amigos (dos meus tios, não dos cães, que esses também se estariam a levantar à mesma hora mas em outros locais para acompanharem outros donos) para irem atrás de tudo o que mexesse, por terra ou pelo ar era indiferente, que o chumbo pouco se importava assim dele se servissem com precisão e eficácia.
O mesmo pensaria eu quando o porco era retirado ao seu suíno descanso (os coitados eram porcos mas não deviam ser burros, pois sempre os ouvia muito incomodados, a fazer fé nos grunhidos estridentes), por meia dúzia de homens contratados para lhe tirar a tosse (se é que estes animais alguma vez a tiveram, peste suína têm-na com certeza) e o acomodavam sobre um palanque de madeira devidamente acorrentado não fosse ele tombar para algum dos lados e fracturar algum chispe que viesse mais tarde a dar mau paladar ao cozido. Nessas alturas subia os seis lanços de escadas, penso que já o conseguia fazer duas as duas, até ao último andar da casa e, uma vez na varanda, satisfazia da janela aberta a minha curiosidade que a porta fechada do corredor mantinha em segurança. Aos poucos, os grunhidos íam diminuindo de intensidade até se ouvirem agora claramente as palavras emotivas dos carrascos.
Descia, então, as escadas e, ainda amedrontado, aproximava-me da cena macabra sem saber muito bem por que tudo aquilo tinha acontecido. A única coisa que sabia era que gostava muito de rojões…

(Continua)

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RESPOSTA 13: Para não encravar as unhas

Pergunta 14: Aqui se premiará a melhor receita de "Rojões à Minhota"

3 Comments:

  • At 9:25 da tarde, Blogger MJ said…

    Doce Alquimista :-)

    E tu eras capaz de assistir a tal carnificina?!
    Que cena mais macabra! :-(
    Por isso, cada vez como menos carne...

    Os melhores rojões que comi até hoje, foram, talvez, os do Restaurante Tanoeiro, em Famalicão.
    Não creio que eles cedam a receita :-((

    Beijo vegetariano*

     
  • At 9:32 da tarde, Blogger alquimista said…

    Olá João:

    Também já os comi aí muito bons.

    E no "Cá Te Espero" entre Santo Tirso e Guimarães.

    Cá te espero para nova visita :)

    Beijo limpo

     
  • At 2:17 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    COMO O JANTAR NAO ME CAIU BEM, COMENTO AMANHÃ.

    BJS ENFARTADOS.

     

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