MEMÓRIAS DE CROCODILO
CAPÍTULO 9
(FOTO RETIRADA DO GOOGLE)
Certo dia, estava eu com um daqueles ataques de asma que me deixavam prostrado durante largas horas quando a minha mãe, em pânico, decide apertar-me desesperadamente, contra ela. Como é bom de ver, melhor aconchego do que este para quem sofria de falta de ar não podia existir. Com a cara (e o corpo presumo) da cor de altar em Semana Santa, entra em cena uma santa senhora, a Rosarinho, velhinha mirrada e frenética, trajando sempre de preto e mãe da Gia, já aqui falada, arranca-me dos braços carinhosamente assassinos da minha mãe, vira-me de cabeça para baixo e dá-me meia dúzia de palmadas que me mudaram de cor.
Isto passou-se teria eu cerca de dois anos e sempre que nos cruzávamos com a Rosarinho, era certo que vinha a história à baila emoldurada com cenas de comovente carinho que terminavam invariavelmente com uma sessão de beijos violentos, daqueles que nos encharcam a cara como se tivéssemos saído do banho, ao mesmo tempo que era presenteado com puxões no nariz, nas orelhas, nas bochechas e envolvido em intensos abraços que me tiravam a respiração. Triste sina a minha... Disputava com a minha sanguínea avó Adelaide (que para aqui será trasladada do seu etéreo repouso já a seguir) esse título, o que muito a amofinava.
Nesses dias de crise aeróbia, os supositórios de Transbronquina assumiam a sua rectal função a contra gosto dos meus glúteos e músculos adjacentes, acomodados que estavam ao hábito de sentir que por aquelas bandas, muita coisa saíra mas nada havia entrado. Era, por isso, com redobrado esforço que a minha mãe carregava com aqueles pequenos mísseis e os lançava, um a um, a horas pré-determinadas pelo general Azeredo de consultório em 31 de Janeiro, de encontro ao bronquial inimigo, entrincheirado algures na cavidade torácica.
Não suspeitando sequer que, com essa atitude estava a rearmar o adversário, um dia resolvi dar sumiço às munições escondendo-as debaixo da cama.
Depois de longos minutos de busca, de lenços amarrados às pernas das mesas e das cadeiras, a minha mãe deu, finalmente, com o arsenal.
Depois de longos minutos de busca, de lenços amarrados às pernas das mesas e das cadeiras, a minha mãe deu, finalmente, com o arsenal.
Nesse dia aprendi que podemos fugir o tempo todo, mas não nos podemos esconder…
(CONTINUA)
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RESPOSTA 8: 76 1951-1885+10= 76
PERGUNTA 9: Que nome teve a Rua 31 de Janeiro durante o Estado Novo?
8 Comments:
At 6:18 da tarde, Anónimo said…
AHÁÁÁÁÁÁÁÁÁ!
FALHEI A QUESTAO... CONFUNDI A ESCOLA NORMAL COM A PRIMÁRIA...
QTO A TRANSBRONQUINA TB HOUVE MTA CA EM CASA!!! PARECE Q ERAM UMAS CAISAS AMARELAS... TB FUI BASTANTE BOMBARDEADA... NAO POR TER ASMA MAS AMIGDALITES CIONSTANTES E DPOIS DE MAS TEREM TIRADO AOS 5 ANOS, LARINGITES, SINUSITES...
QTO AO NOME DA RUA... NAO ME DIGA Q ERA OLIVEIRA SALAZAR! ISTO POR PALPITE PQ NAO FUI VER...
BJS PALPITANTES :)
At 6:19 da tarde, Anónimo said…
DE ME TEREM TIRADO AS AMIGDALAS...
At 8:04 da tarde, MJ said…
Doce Alquimista :-)
Ainda não tive tempo para ler este capítulo. Voltarei mais tarde.
Vim dizer-te que reabri o blog temporariamente para dar uma "notícia" :-)
Se quiseres, passa por lá
Beijo renovado*
At 10:24 da tarde, MJ said…
Outra vez eu...
Já li o post :-) Pareceu-me dos mais divertidos! :-)
Tu estás a ficar um escritor a sério! O Saramago que se cuide...
Ainda lhe tiram o Nobel pata to entregarem a ti. :-)
Agora a sério... está mesmo deliciosa :-)Adorei.
Pois... esta resposta eu sei!!! Rua de Santo António!!!
Beijo feliz*
At 11:31 da tarde, Anónimo said…
FALHEI POR POUCO!
O OUTRO TB ERA ANTÓNIO...
QUERO UMA MENÇÃO HORROROSA...
;)))
At 12:36 da manhã, alquimista said…
Aspásia:
Pois é, pelos vistos sofríamos do mesmo mal. Desde que não seja nos bolsos...
Não faço menção de lhe atribuir uma menção mas sim uma comenda que já está encomendada, mas não dada, paga...
At 12:39 da manhã, alquimista said…
João:
Obrigado pelo elogio mas eu sei que é a tua amabilidade que te faz falar...:)
Mas mesmo assim vou continuar.
Enquanto houver tempo...
Beijo enquanto...
At 3:40 da tarde, Anónimo said…
hahahaha!!
aprendeste com os poderosos mísseis: "Nesse dia aprendi que podemos fugir o tempo todo, mas não nos podemos esconder…"
ai..ai.. to passando mal de tanto rir. bjs!
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