O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

sábado, março 17, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO







CAPÍTULO 1:
MORRO DA SÉ
No alto do morro da Sé, onde oitocentos e trinta anos antes D. Teresa, vinda de Guimarães, tinha entregue ao bispo D. Hugo a carta de doação de todos os direitos sobre este antiquíssimo e granítico Porto, a minha mãe Celeste, vinda do Marco de Canavezes, entregava ao meu pai António este único infante a que viria a dar o mesmo nome, depois de ter entrado pelo número dezanove da Travessa de Cimo de Vila no Hospital de Nossa Senhora do Terço e Caridade, o qual havia sido, também ele, doado à Irmandade do Terço em mil setecentos e cinquenta e nove por dois piedosos irmãos de apelido Viterbo de Souza, em honra da Virgem Maria e Socorro dos Pobres Enfermos. Era aquela uma rua estreita e íngreme, de casas altas e beirais salientes, quase só com tabernas escuras, casas de pasto e de pernoita. Numa destas casas vivera Camilo em uma das suas inúmeras passagens pelo Porto, durante a qual escreveu “Horas de Paz”.
HOSPITAL DO TERÇO (Travessa de Cimo de Vila)
Alguns metros mais abaixo, junto à Ribeira, em mil trezentos e noventa e quatro numa quarta-feira de cinzas (que se considerava dia pouco propício ao nascimento de uma criança) havia, igualmente, nascido um outro Infante mais conhecido, que aos Portugueses e ao mundo, novos mundos daria a conhecer.
Do nascimento do primeiro não existe relato sucinto ou alargado nos arquivos de jornais e muito menos nos de televisão (que esta seis anos ainda levaria a nascer), quando muito nos registos da Junta de Freguesia, enquanto do segundo não há livro de Instrução Primária, Manual de História ou até Enciclopédia que a ele se não refira. As malhas que a História tece…
CASA ONDE TERÁ NASCIDO O INFANTE D. HENRIQUE ( Posteriormente Alfândega Régia, hoje Museu )

Os primeiros meses vivi-os numa casa de primeiro andar com aquecimento a forno de padaria pertença da família e que ocupava o rez-do-chão numa rua que começara por se chamar da Duquesa de Bragança, dos Heróis de Chaves a seguir e hoje D. João IV, um dos locais mais altos da cidade e seu miradouro, uma zona habitacional que remonta aos tempos dos Padres e Frades da Congregação de S. Filipe de Néry, que ali possuíam enormes quintas.
Depressa nos mudamos, os meus pais e eu, para uma outra bem perto, na Rua da Alegria, defronte de uma Escola Normal, não só porque o era mas porque também lá se formavam os futuros professores primários e que, sem que eu o suspeitasse, viria a ser, como era normal já que estávamos eu e ela, a escola, frente a frente eu de um e ela de outro lado da rua, a minha primeira escola primária.

CASA RUA D. JOÃO IV

Era uma daquelas casas com uma única porta de entrada mas que no seu interior albergava três famílias diferentes, cada uma em seu andar ligados por vários lanços de escadas em madeira. Nós morávamos no último, razão pela qual a minha mãe usava uma cesta amarrada a uma corda que servia, ora para içar as compras, ora para descer o respectivo pagamento, não sei se por esta ordem se pela inversa, embora me incline mais pela primeira pois que a moda do pré-pagamento teria de esperar ainda umas boas dezenas de anos.

(Continua)

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CONCURSO

E agora, procurando, de algum modo, compensar todos aqueles que conseguirem ler cada capítulo até final, farei uma pergunta de resposta múltipla após cada texto, sendo que, no fim desta publicação virtual, elegeremos o vencedor a quem será entregue um prémio a condizer. Como vêm estou a ser bastante original...

A resposta correcta será publicada, sempre, no capítulo seguinte.

1. O autor de "Memórias de Crocodilo" nasceu:

a) Com 6,700kg

b) Prematuro

c) Com 3,800kg

d) 1,200kg

13 Comments:

  • At 2:30 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    nice pictures

     
  • At 7:27 da tarde, Blogger MJ said…

    Boa tarde, doce Alquimista :-)

    Só passei para te deixar um beijinho e desejar um bom Domingo*

    O 2º capítulo será devidamente "saboreado" amanhã :-)

    Beijo atarefado*

     
  • At 10:14 da tarde, Blogger Helena Velho said…

    Lindo Alquimista

    Vou ao mecânico porque, de facto, estou a precisar de uma revisão geral!!!
    Então não é que eu entendi que se estava, de forma irónica, a despedir e a fechar o jornal??
    Bem...vermelho é uma fraca para expressar a cor da m/"vergonha".

    Já agora o meu rebento nasceu na Ordem do Terço, com 3,800Kg , 55 cm e linda de morrer( por cesariana, mas enfim, a natureza tem destas coisas!)
    Agora vou lê-lo com atenção para não ter que levar c/as orelhas de bura e ficar de costas para o colectivo.

    Bj.estupidamente destinado a si.

     
  • At 11:16 da tarde, Blogger Helena Velho said…

    Prematuro...nasceu em 63 e eu já lhe dei 55!!!

    errata: onde se lê bura deverá ler--se burra.
    A autora

     
  • At 11:46 da tarde, Blogger alquimista said…

    Peter:

    Go away to make publicity to another place

    Thank you :)))

     
  • At 11:50 da tarde, Blogger alquimista said…

    Olá João:

    Deixa lá. Amanhã vais ter tempo de saborear ainda este. Ou pensas que isto aqui é "por empreitada" ?:):):)

    Tem de ser devagarinho para não cansar.

    Para cansaço já bastam os testes...

    Um beijo

     
  • At 11:52 da tarde, Blogger alquimista said…

    Maria Velho:

    Pois é...

    Além disso tem de refazer as suas contas. A carta de doacção de D.Teresa foi entregue a D.Hugo em 1120...

    Bom fim de semana

     
  • At 12:31 da manhã, Blogger Helena Velho said…

    Bem cada cavadela cada minhoca...há-de haver uma explicação(subconsciente???) para me atrapalhar toda qnd. me dirijo a si!!Será por ser António??Será por me sentir pequenina??ou pq.sou mesmo burra?(será a 3ª hipótese?)
    Então vamos lá ver eu só sou boa em contas de sumir e assim, aos 50 anos de tv tirei os seis que teve de esperar em vez de somar...
    Sou tão primária que até chateia...e para errar -CONTE COMIGO. Afinal sempre podia ter sido m/prof.?!
    Acho que vou dar banho ao cão em vez de me armar em esperta consigo, não consigo mesmo!
    Mas vou lê-lo por sou leitora de profissão.
    Para si:

    Escrever é sobretudo útil a quem lê.

    Vou fazer-me uma leitora. Uma leitora tão fabulosa, uma silenciosa tão magnífica que a minha obra consistirá em lêr, com todo o talento, tudo o que já foi escrito no tempo que a minha vida permitir, claro está,empregando em cada leitura o máximo de inteligência e compreensão.
    Torna-se claro para mim que a raridade valora. Escasseam espectadores e o ruído obriga a uma escuta melhorada.

    Serei a mais notável leitora.Não que a leitura seja algo que se note muito.

    Poderia inclusivamente ler pela 2ª , 3º ou 4ª vez tudo o que houvesse já lido a fim de me certificar da qualidade da minha leitura. Se na releitura me deparasse com as novidades do texto reconheceria imediatamente, para que não esbanjasse tempo, a minha incorrecção primeira e tudo faria para alcançar a leitura última, a leitura oficial. Se necessário leria repetidamente o mesmo texto até que este não revelasse alteração alguma, ou melhor, até que a minha leitura alcançasse a sua perfeição, o seu limite. Para me certificar do grau de certeza do término da mutação, para que se confirmasse a impossibilidade de outra leitura distinta leria, se necessário fosse,várias vezes cada capitulo isoladamente,cada parágrafo,cada frase , cada palavra,cada sílaba, cada letra, cada vírgula até se esgotarem as mutações do(s) a (e de todos os) r. Até
    à certificação do átomo. Edições distintas, todas as que se encontrassem possíveis contemplando no entanto as já existentes,as suas capas, arranjos tipográficos,datas e locais de edição e de escrita.
    Para que fosse a leitora leitura, para que o meu silêncio se consumasse, aprenderia todas as línguas para que pudesse ler os originais e as traduções apertando consecutivamente a rede , para que não me escapasse nada, até a peneira ser alguidar. Até ao esgotamento da diferença.
    Aí, no encontro do tédio comprovovado, poderia concluir: A inteligência é a capacidade de ficar perplexo.
    Se o meu projecto se tivesse cumprido esta conclusão não seria um pensamento: seria uma leitura.

    Helena Maria Velho

     
  • At 12:38 da manhã, Anonymous Anónimo said…

    AAAAIIII ALQUIIIII

    Ó RICO TB NAO ESTOU CAPAZ DE LER ISTO HOJE. POR CAUSA DOS OLHOS...

    DE QQ MODO VENHO SOLIDARIZAR-ME COM A SUA PERDA DRACONIANA...

    DEIXE LA... VAO-SE OS ANEIS MAS FICAM OS DEDOS... DOS PÉS!!!

    bom f d s
    SE TIVER AI NEVOEIRO MANDE UMA CAIXA OU UMA PROVETA Q O AMBIENTE EM LISBOA ESTA MTO SECO E POR ISSO PIOREI DOS OLHOS...

    BEIJOS DE SJÖGREN (INVENTOR DO OLHO SECO)

     
  • At 11:49 da manhã, Blogger MJ said…

    Bom dia, doce Alqumista :-)

    Acabei de fazer a leitura atenta deste 1º capítulo. :-)Gostei muito. :-)

    Podes continuar porque terás aqui uma leitora fiel. :-)

    Também o meu filho nasceu no "Terço".
    Ainda hoje acredito que "precisei" de fazer cesariana, por ter sido lá. :-)
    O preço era, então, o de um hotel de 5 estrelas. Por isso, quanto mais tempo lá passasse, mais rentável seria para a "Ordem".
    Enfim... fiquei só com um filho mas se tivesse outro(s), não seria naquela Casa de Saúde.

    As ilustrações estão também muito bonitas.
    Lembrei-me até de fazer uma recolha fotográfica dos locais da minha infância, antes que se percam no Tempo... e seja tarde de mais. :-)

    Quanto ao desafio é assim... O meu palpite vai para "prematuro".
    Porquê?
    Irrequieto como és, não acredito que fosses capaz de estar 9 meses "fechado" no ventre da tua mãe. :-) Acertei?

    Beijo de admiradora*

     
  • At 5:00 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    ALQUI

    TENHO IMENSA PENA

    NÃO ESTOU CAPAZ DE LER TEXRTOS LONGOS
    SÓ COM O LEITOR DE ECRAN, MAS NAO ESTA INSTALADO NESTE PC.

    E TENHO TIDO IMENSOS PROBLEMAS COM OS 2 PCS.
    O OUTRO QUE TEM O LEITOR DE ECRAN NAO LIGA À NET...

    BEM, HA COISAS PIORES...
    POR ALGUMA COISA EU SO LI 3 LIVROS EM 12 ANOS....2 DELES FORAM DO JULIO M VAZ.

    SE O BLOGGER PUSESSE ACESSIBILIDADE SONORA PARA OS POSTS E COMENTARIOS ERA BOM, PRINCIPALMENTE PARA OS INVISUIAS E PROBLEMAS ANEXOS COMO O MEU.

    CONTINUAÇÃO DE BOM F D S
    AINDA TENTAREI APANHAR UM AREDE SEM FIOS AQUI DOS VIZINHOS PERLO OUTRO PC E TENTAR LER COM O LEITOR DE ECRAN NO OUTRO.

    CONTR. DE BOSM F D S

    BJINHOS

     
  • At 7:18 da tarde, Blogger MJ said…

    Doce Alquimista...

    Quando publicas o resultado?
    Estou ansiosa!!!

    Beijo ansioso*

     
  • At 11:55 da tarde, Anonymous Anónimo said…

    CARO ALQUI

    LÁ PUS O ROBOT A LER... ACHEI IMENSA GRAÇA. ISTO VAI LONGE... SERÃO UMAS ANTONÍADAS ???

    QTO AO "QUIZ" CONFESSO Q JA VI A RESPOSTA ACIMA - NAO LI O TEXTO.

    MAS A MINHA RESPOSTA A ESTE IA SER - PREMATURO COM 6,700 KG (SIMULTANEAMENTE)...

    ALIÁS JÁ TINHA PERCEBIDO QUE ERA (FILHO) ÚNICO!!! NÓS RECONHECEMO-NOS SEMPRE À LÉGUA... NÃO SEI PORQUÊ...;))

    MAS OLHE QUE ME PARECE QUE HÁ EM LISBOA UMA RUA SOUSA VITERBO!! SERÁ O MESMO?

    E TENDO PASSADO PELO TERÇO, PELA VIRGEM DOS POBRES ENFERMOS E PELOS FRADES DE SÃO FILIPE... ADMIRA-ME COMO NÃO CHEGOU A BISPO DO PORTO !!!

    ESTES EPISÓDIOS NÃO SE PODEM TRANSMITIR NA RÁDIO NOVA E PÔR EM PODCAST??? META UMA CUNHA AO JMV...

    DAVA ME UM JEITÃO...

    BJINHOS

     

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