O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

sábado, março 29, 2008

SÃO HORAS DE MUDAR

Estação de S. Bento

Tardes da minha terra, doce encanto,
Tardes duma pureza de açucenas,
Tardes de sonho, as tardes de novenas,
Tardes de Portugal, as tardes d’Anto,

Como eu vos quero e amo! Tanto! Tanto!...
Horas benditas, leves como penas,
Horas de fumo e cinza, horas serenas,
Minhas horas de dor em que eu sou santo!

(...)

Forbela Espanca

segunda-feira, março 24, 2008

Uma Páscoa gelada

(...)
E uma infinita tristeza,
uma funda turbação
entra em mim, fica em mim presa.
Cai neve na Natureza
e cai no meu coração.

Augusto Gil

São raras, mas também existem



Capa negra rosa negra
Rosa negra sem roseira
Abre-te bem nos meus ombros
Como ao vento uma bandeira

Manuel Alegre

domingo, março 23, 2008

PÁSCOA

sexta-feira, março 21, 2008



ÁRVORE E POESIA NUM SÓ DIA



Jardim de Serralves - 2007

Os pássaros nascem na ponta das árvores

As árvores que eu vejo em vez de fruto dão pássaros
Os pássaros são o fruto mais vivo das árvores
Os pássaros começam onde as árvores acabam
Os pássaros fazem cantar as árvores
Ao chegar aos pássaros as árvores engrossam movimentam-se
deixam o reino vegetal para passar a pertencer ao reino animal
Como pássaros poisam as folhas na terra
quando o outono desce veladamente sobre os campos
Gostaria de dizer que os pássaros emanam das árvores
mas deixo essa forma de dizer ao romancista
é complicada e não se dá bem na poesia
não foi ainda isolada da filosofia
Eu amo as árvores principalmente as que dão pássaros
Quem é que lá os pendura nos ramos?
De quem é a mão a inúmera mão?
Eu passo e muda-se-me o coração

Ruy Belo

quinta-feira, março 13, 2008


O que eu vejo após a Manifestação do dia

8 de Março


  1. Foi, acima de tudo, uma manifestação de desagravo da classe face ao modo como vinha sendo tratada pelo Ministério da Educação mais do que uma reivindicação profissional.
  1. Os professores sentem-se, finalmente, respeitados pelos pais, alunos e população em geral.
  1. Ultrapassou largamente a esfera sindical, o que deitou por terra uma das principais acusações do Ministério.
  1. A classe está, finalmente, unida. Que fazer, agora, com esta união?
  2. Parece, finalmente, ultrapassado o preconceito de que o professor, por inerência da função, deve ser obediente e bem comportado.
  1. É de todo impensável uma solução idêntica à que foi encontrada para o Ministério da Saúde, visto que aí era toda uma população que começava a dar mostra de grande descontentamento, e não só os médicos ou os enfermeiros.

7. Se não fosse degradante, era altamente risível a forma embaraçada como os políticos ligados ao partido do governo tentam explicar o inexplicável, assim como degradante é a ignorância com que os partidos da oposição (?) falam do assunto. As únicas excepções são aqueles que têm em casa alguém da família a dar aulas...

8. Nenhuma das partes negociadoras (Ministério/Sindicatos) vai publicamente assumir algum recuo. Mas, na prática, será isso que vai acontecer. Por duas razões: primeiro, ao governo não interessa que o problema se arraste demasiado, entrando pelo ano eleitoral; segundo, aos sindicatos, pelo facto de a dinâmica da manifestação os ter ultrapassado, interessa não perder a face, dando a entender que um presumível acordo foi conseguido por seu intermédio. Por isso, um ACORDO, será um enorme FAVOR, que cada uma das partes fará à outra. Como sempre pensei, o problema só começaria a ser resolvido quando estivessem na mesa não só questões educacionais mas também políticas. INFELIZMENTE.

9. Ao longo dos anos, as assimetrias do mercado de trabalho trouxeram para o ensino muita gente que apenas queria um emprego e não uma profissão. Muitos deles ajudaram a criar uma imagem nem sempre abonatória para a classe, o que de certo modo tem sido hipocritamente aproveitado pelo governo para confundir na opinião pública a árvore com a floresta.
Mas em todas as florestas, bem lá no alto da copa das árvores há sempre um mocho que, sabiamente, vela pela classe. Na minha secretária, a servir de pisa-papéis tenho um mocho macho. Pronto a ser arremessado a uma certa fêmea, se necessário...

terça-feira, março 11, 2008




"Um povo imbecilizado e resignado, humilde e macambúzio, fatalista e sonâmbulo, burro de carga, besta de nora, aguentando pauladas, sacos de vergonhas, feixes de misérias, sem uma rebelião, um mostrar de dentes, a energia dum coice, pois que nem já com as orelhas é capaz de sacudir as moscas..."

Guerra Junqueiro, escrito em 1886

segunda-feira, março 10, 2008


LUTO CONTRA A FALTA DE EDUCAÇÃO ... E VOCÊS ?

domingo, março 09, 2008

SÁBADO - 8 de MARÇO


Estava à toa na vida
O meu amor me chamou
P'ra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

A minha gente sofrida
Despediu-se da dor
P'ra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O homem sério que contava dinheiro parou
O faroleiro que contava vantagem parou
A namorada que contava as estrelas parou
Para ver, ouvir e dar passagem

A moça triste que vivia calada sorriu
A rosa triste que vivia fechada se abriu
E a meninada toda se assanhou
Pra ver a banda passar
Cantando coisas de amor

O velho fraco se esqueceu do cansaço e pensou
Que ainda era moço pra sair no terraço e dançou
A moça feia debruçou na janela
Pensando que a banda tocava pra ela

A marcha alegre se espalhou na avenida e insistiu
A lua cheia que vivia escondida surgiu
Minha cidade toda se enfeitou
P'ra ver a banda passar cantando coisas de amor

Mas para meu desencanto
O que era doce acabou
Tudo tomou seu lugar
Depois que a banda passou

E cada qual no seu canto
Em cada canto uma dor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor
Depois da banda passar
Cantando coisas de amor...

CHICO BUARQUE DE HOLANDA - A BANDA

sexta-feira, março 07, 2008


DIA DA MULHER - Para sossego das más consciências...


Dão-nos a honra de manequim

para dar corda à nossa ausência.

Dão-nos um prémio de ser assim

sem pecado e sem inocência

(…)

Penteiam-nos os crânios ermos

com as cabeleiras das avós

para jamais nos parecermos

connosco quando estamos sós

(…)

Dão-nos um cravo preso à cabeça

e uma cabeça presa à cintura

para que o corpo não pareça

a forma da alma que o procura

Natália Correia – Queixa das almas jovens censuradas



Mulheres na Rua S.Francisco de Borja – Porto 1930



Foi há tantos anos, foi há dois mil anos

Que vi no amor o meu Cristo

Que me mostraste um amor imprevisto

Que me falaste na pele e no corpo a sorrir



Meus olhos fechados, mudos, espantados

Te ouviram como se apagasses

A luz do dia ou a luta de classes

Meus olhos verdes ceguinhos de todo para te servir



Mariazinha fui, em Marta me tornei

Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei



Filhos e cadilhos, panelas e fundilhos

Meteste as minhas mãos à obra

E encontraste momentos de sobra

Para evitar que o meu corpo pensasse na vida


Teus olhos fechados, mudos e cansados

Não viam se verso, se prosa

O meu suor era o teu mar de rosas

Meus olhos verdes, janelas de vida fechados por ti


Mariazinha fui, em Marta me tornei

Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei


Pegas-me na mão e falas do patrão

Que te paga um salário de fome

O teu patrão que te rouba o que come

Falas contigo sozinho para desabafar


Meus olhos parados, mudos e cansados

Não podem ouvir o que dizes

E fico à espera que me socializes

Meus olhos verdes, Boneca privada do teu bem estar


Mariazinha fui, em Marta me tornei

Vou daquilo que fui pr'aquilo que serei


Sou tua criada boa e dedicada

Na praça, na casa e na cama

Tu só me vês quando vestes pijama

Mas não me ouves se digo que quero existir


Meus olhos cansados ficam acordados

De noite chorando esta sorte

De ser escrava prá vida e prá morte

Meus olhos verdes Vermelhos de raiva para te servir


A tua vontade, justiça igualdade

Não chega aqui dentro de casa

Eu só te sirvo para a maré vaza

Mas eu já sinto a minha maré cheia a subir


Meus olhos cansados abrem-se espantados

Prá vida de que me falavas

Pra combater contra os donos de escravas

Meus olhos verdes

Que te vão falar e que tu vais ouvir


Mariazinha fui, em Marta me tornei

Sei aquilo que fui e que jamais serei

José Mário Branco - Aqui dentro de casa (Do álbum "Margem de Certa Maneira")

AS FEIRAS E OS MERCADOS DO PORTO ANTIGO - V


Praça Nova (actual Praça da Liberdade), local onde se realizou a 1ª FEIRA DO LIVRO em 1931


FEIRA DO LIVRO na Praça da Liberdade (anos 50)

quinta-feira, março 06, 2008


AS FEIRAS E OS MERCADOS DO PORTO ANTIGO - IV


Construção do Mercado Ferreira Borges (Anos 40)


AS FEIRAS E OS MERCADOS DO PORTO ANTIGO - III

Primitivo Mercado do Bolhão (anos 20)

quarta-feira, março 05, 2008


AS FEIRAS E OS MERCADOS DO PORTO ANTIGO - II

Feira do Peixe - Cordoaria (Anos 20)

terça-feira, março 04, 2008


AS FEIRAS E OS MERCADOS DO PORTO ANTIGO - I


Feira dos Ferros Velhos - Praça Gomes Teixeira

Quem espera ... não desespera

Manifestação na Avenida dos Aliados (1920)

domingo, março 02, 2008

VERDADE INCONVENIENTE ?


"A perspectiva dos pais é de que têm direito ao amor dos filhos. Mas, segundo os resultados dos Estudos Europeus dos Valores, mesmo na sociedade portuguesa, verificamos que os jovens já têm uma ideia mais meritocrática desta questão. É, portanto, um amor desigual neste sentido... Nas gerações mais novas começa a ganhar terreno a noção de que este amor não é incondicional."


Vanessa Cunha - O Lugar dos Filhos - Ideais, Práticas e Significados
NM 02/03/2008


Arco das Verdades - Sé do Porto (Anos 40)

sábado, março 01, 2008


"Cada vez gosto mais de menos gente" (AGOSTINHO DA SILVA)

AVENIDA DOS ALIADOS - Chegada de Humberto Delgado ao Porto durante a campanha para a Presidência da República (1959)