O alquimista

NEM TRANSMUTAÇÃO DE METAIS NEM ELIXIR DA LONGA VIDA - A PEDRA FILOSOFAL AO PODER

sábado, abril 28, 2007

Tira a máscara. Escreve
Com lágrimas teu rosto:
Descansa numa lágrima que desça
Contigo à Ilha, ao sol-posto,
E lentamente cresça
Como o avião no horizonte
Até chegar a mim, eu que lágrimas meço:
E a viseira da paz em ti desponte.
Faz-me isto, se o mereço!

Levanta devagar teu corpo leve e fino
Como o fio de som no pássaro calado:
Enquanto teço este hino
Fico mais descansado:
Porque eu sou o avião que zumbe e tu meu pólen,
Eu pássaro também que de ti, flor, revive:
Chora-me asa caída como folha no parque,
Asa de bimotor sem ti, que a jacto voamos.


VITORINO NEMÉSIO


POR MOTIVOS PESSOAIS IREI ESTAR AUSENTE ATÉ 3ª FEIRA
CONTO CONVOSCO PARA A SEMANA
UM BOM FIM DE SEMANA A TODOS

quinta-feira, abril 26, 2007


FAZ HOJE 70 ANOS

Decorria a Guerra Civil de Espanha. No dia 26 de Abril de 1937, a unidade aérea alemã conhecida como “Legião Condor”, comandada pelo Tenente Coronel Wolfran von Richthofen, às ordens de Hitler, iniciou o bombardeamento contra Guernica, com o “suposto objectivo” de destruir a pequena ponte de Rentería. Dava-se início ao massacre onde morreram cerca de 2000 pessoas.

GUERNICA - Picasso


Uns meses antes, em Agosto de 1936, Frederico Garcia Lorca é executado sem julgamento pelos nacionalistas, com um tiro na nuca.


Amor de minhas entranhas, morte viva,

em vão espero tua palavra escrita

e penso, com a flor que se murcha,

que se vivo sem mim quero perder-te.

O ar é imortal. A pedra inerte

nem conhece a sombra nem a evita.

Coração interior não necessita

o mel gelado que a lua verte.

Porém eu te sofri. Rasguei-me as veias,

tigre e pomba, sobre tua cintura

em duelo de mordiscos e açucenas.

Enche, pois, de palavras minha loucura

ou deixa-me viver em minha serena

noite da alma para sempre escura

Frederico Garcia Lorca

quarta-feira, abril 25, 2007


DOIS DOS FILHOS DA REVOLU CÃO

terça-feira, abril 24, 2007

ONDE É QUE VOCÊS ESTAVAM


NO 25 DE ABRIL ?


O Alquimista estava em Mafra, com um dia de tropa. Na foto é o ... mais lindo, naturalmente !

segunda-feira, abril 23, 2007

DIA MUNDIAL DO LIVRO


"Não interessa o que se sabe, mas a forma como nos posicionamos com aquilo que sabemos"

ou

"Qualquer altura é boa para aprendermos"

(ALQUIMISTA - Improvisos)

domingo, abril 22, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO
CAPÍTULO 16

Chegados a Vilarinho, no tempo quente, corria para a bilha de barro a refrescar a garganta que a minha tia Inês tinha providenciado na Fonte da Torre. De Inverno, o naco de rojão tirado do pingue era passado na sertã e metido no pão que viera da padaria e que servia para a minha Avó Rosa, o Francisco e a Alice, os caseiros, comerem durante a semana. Esta avó, despiciendo será referi-lo, era-o pelo lado do meu pai, que a do outro se chamava Adelaide como já vimos. Quando chegávamos, estava invariavelmente sentada na sua cadeira de braços junto à lareira, lenço preto na cabeça e xaile a envolver a roupa de viúva. Ao dar-lhe um beijo, segurava-me com força num dos braços e perguntava: “O teu pai veio?” – “Não, não veio”, respondia eu. Ele nunca ía. E todos os domingos pergunta e resposta se gladiavam na expectativa de uma delas ceder. Era o seu filho preferido, soube-o bastante mais tarde. E fui eu, já adulto que o levei novamente à aldeia, já a minha avó tinha morrido. Nunca percebi a razão desta recusa.

Parte da manhã era gasta a jogar futebol com a bola que precavidamente levara do Porto. Ao almoço, comiam-se os bifes comprados em Estarreja no talho do senhor José, a carne de porco tirada da salgadeira, a sopa de entulho feita sabiamente pela Alice, sei lá que mais. Tudo servido naquela louça inglesa esverdeada, com figuras de castelos, guerreiros a cavalo e princesas que me encantavam, aqueles e estes, que não só estas. Á tarde era a visita às propriedades, a parte menos interessante pelo que, sempre que podia, ficava em casa na expectativa de dar uma volta na bicicleta do Francisco ou de me sentar ao volante do Vauxhall a apreciar o novelo de galinhas em estrídula revoada ao toque da buzina e a ouvir o relato do Porto enquanto conduzia pelas estradas da imaginação.

Recordo-me de uma e outra vez beber o leite esguichado do úbere da vaca e as gemas dos ovos sabiamente furados nas extremidades. Experiências de vida, fruto da minha curiosidade natural ou da premonição familiar quanto aos futuros mecanismos da distribuição alimentar escamoteadores da prolixa proveniência dos mesmos.
Ao fim da tarde era o regresso. Um ou dois ovos estrelados dentro do pão, mais um rojão ou um prato de sopa e de volta ao Porto, que um dia repleto de emoções, não diria fortes mas diferentes, me transportava nos braços de Morfeu, que não da morfina, pois só àquele eram cometidas as interpretações do templo dos sonhos e a esta apenas o tratamento opióide das dores que não as tinha, ainda, nesse tempo.

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RESPOSTA 15 : Rio Vouga

PERGUNTA 16 : De quem é a primeira foto ?
AMOR / ÓDIO (4)

sábado, abril 21, 2007

AMOR / ÓDIO (3)


AMOR /ÓDIO (2)

sexta-feira, abril 20, 2007

AMOR / ÓDIO (1)

quinta-feira, abril 19, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO

CAPÍTULO 15

Ao domingo íamos “à Terra”, afirmação de todo incorrecta mas que aqui reproduzo por ser essa a única que durante anos me habituei a ouvir e a repetir. Primeiro, se à Terra pretendíamos ir, não fazia sentido já que nela estávamos desde o nascimento, se era à outra terra, não me recordo de alguma vez ter regressado, eu ou qualquer dos meus, de mãos sujas ou de saco às costas. Íamos, portuguesmente à aldeia.

Enchia-se o depósito do velho Vauxhall Velox com cem escudos, o que permitia ir a Vilarinho e vir, e, a fazer fé no meu tio, que a devia ter como vimos no episódio da Santa Rita, ainda dava até meio da semana. No entanto, nomear apenas a aldeia, sem lhe precisar um local no mapa, ficaremos sem saber se os ditos cem escudos eram quantia demasiado alta ou maquia insignificante para os quilómetros percorridos e daí até ficarmos às escuras relativamente ao preço da gasolina na década de cinquenta vai um passo de criança, como diria o Zé Mário. Mas, se ao leitor disser que Vilarinho era uma freguesia do concelho de Cacia, distrito de Aveiro, já poderá fazer as suas contas, por estimativa é certo, mas também as faz a EDP e é empresa pública, que só serão exactas se lhe disser que nessa viagem de domingo percorríamos perto de cento e cinquenta quilómetros. Durante o percurso, para preencher mais animadamente o tempo, eu, o Agostinho Terrão e o Nelo, o irmão, divertíamo-nos a jogar (a minha veia lúdica estava sempre presente) aos “marcos”.

De cabeça erguida e olhos espetados no desfazer das curvas, procurávamos ser os primeiros a descobrir os marcos quilométricos que se íam sucedendo na estrada, aos quais gritávamos –“É Meu !”. Os pequenos valiam um ponto, os maiores, os das dezenas, valiam dois. Recordo-me das discussões animadíssimas relativamente à propriedade de alguns deles, normalmente resolvidas pelo meu tio que, ao volante, arbitrava a contenda. De vez em quando, vendo-me mais distraído, acotovelava-me, dando-me sinal de algum marco já visível mas que eu ainda não enxergara. A eterna questão das arbitragens …

A estrada era a 109 que, saindo do Porto por Gaia através da Rua da Rasa, passava por Espinho, onde estava o quilómetro dezoito sempre muito disputado; Esmoriz (que me ficou na memória por, numa manhã de temporal, junto à bomba de gasolina que ainda lá está à face da estrada, me ter assustado com a água que corria em grande caudal pelas bermas); Avanca, Estarreja, Angeja, Salreu e, finalmente, Cacia. Já perto da aldeia, muitas vezes saltava para o colo do meu tio que me deixava guiar os últimos quilómetros.
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PERGUNTA 15 : Qual era o rio que passava na aldeia ?
O problema não é os computadores ficarem a pensar como nós. Problema é nós ficarmos a pensar como os computadores !

ERICH FROMM

segunda-feira, abril 16, 2007

A cada toque matinal ele desperta para 25.000,00 !!!

sábado, abril 14, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO

CAPÍTULO 14

Como já vimos atrás, a casa dos meus tios tinha nas traseiras um enorme quintal, enorme para as minhas vistas de criança, que em eu lá voltando hoje, bem pequeno se depararia aos meus olhos que sendo os mesmos de então, outros mundos mais largos entretanto enxergaram e por via disso para o mundo das coisas minúsculas o relegariam, que não era nem grande nem pequeno, era simplesmente um quintal, entendido como o substantivo mais apropriado que encontrei para nomear um lugar daqueles e não como quatro arrobas de trinta e dois arráteis a dezasseis onças por arrátel.
Ao fundo, paredes meias com o galinheiro, estava o aido do porco. Ao lado, o tanque para lavar a roupa e a enorme roda de ferro para puxar a água necessária ao alimento das árvores, das flores e das verduras. Compunha o quadro um enorme pombal, cujas utentes eram tratadas com enorme desvelo e carinho pelo meu tio, que também era padrinho, o Agostinho já atrás citado. Nunca percebi como podia ter tais atenções durante a semana para com as pombas, as rolas e as codornizes, para não falar dos coelhos na coelheira e dos ovos na chocadeira, que também os havia com lâmpada de infra-vermelhos, e levantar-se aos domingos às cinco da manhã, ele, o irmão, os cães e os amigos (dos meus tios, não dos cães, que esses também se estariam a levantar à mesma hora mas em outros locais para acompanharem outros donos) para irem atrás de tudo o que mexesse, por terra ou pelo ar era indiferente, que o chumbo pouco se importava assim dele se servissem com precisão e eficácia.
O mesmo pensaria eu quando o porco era retirado ao seu suíno descanso (os coitados eram porcos mas não deviam ser burros, pois sempre os ouvia muito incomodados, a fazer fé nos grunhidos estridentes), por meia dúzia de homens contratados para lhe tirar a tosse (se é que estes animais alguma vez a tiveram, peste suína têm-na com certeza) e o acomodavam sobre um palanque de madeira devidamente acorrentado não fosse ele tombar para algum dos lados e fracturar algum chispe que viesse mais tarde a dar mau paladar ao cozido. Nessas alturas subia os seis lanços de escadas, penso que já o conseguia fazer duas as duas, até ao último andar da casa e, uma vez na varanda, satisfazia da janela aberta a minha curiosidade que a porta fechada do corredor mantinha em segurança. Aos poucos, os grunhidos íam diminuindo de intensidade até se ouvirem agora claramente as palavras emotivas dos carrascos.
Descia, então, as escadas e, ainda amedrontado, aproximava-me da cena macabra sem saber muito bem por que tudo aquilo tinha acontecido. A única coisa que sabia era que gostava muito de rojões…

(Continua)

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RESPOSTA 13: Para não encravar as unhas

Pergunta 14: Aqui se premiará a melhor receita de "Rojões à Minhota"

sexta-feira, abril 13, 2007

Estátua de Vímara Peres (BRONZE) e Torre dos Clérigos (GRANITO) - Porto 2006

"A vida é uma pedra de amolar: desgasta-nos ou afia-nos conforme o material de que somos feitos"

(Bernard Shaw)

Amar é uma Virtude

Passeio das Virtudes - PORTO 2006

quarta-feira, abril 11, 2007


MEMÓRIAS DE CROCODILO

CAPÍTULO 13


Com a precisão de um relógio suiço ou de um remate do Ronaldinho Gaúcho, a pescada e o bacalhau cozido alternavam ao jantar na casa dos meus tios. Religiosamente. Com a mesma religiosidade com que se desfiavam as contas do rosário depois de recolhidos os pratos e apanhadas as últimas migalhas. Cumpridas as formalidades do repasto que incluía o competente pedido de licença para abandonar a mesa, o Agostinho Terrão, filho de um empregado da padaria que ficara ao cuidado dos meus tios, e eu, filho de um dos donos da padaria e que era um pouco descuidado, como veremos já a diante, tratávamos de escolher a melhor rolha que tivesse ficado na mesa e, na cozinha ao lado, de porta a porta disputávamos renhidos jogos de uma modalidade que ainda hoje não sei bem definir e que consistia em atirar a dita ao ar, bater-lhe com uma das mãos e fazê-la entrar na porta do adversário, momentaneamente transformada em baliza.

Quando os éteres se não evaporavam totalmente das garrafas e às rolhas competia assumir a sua função hermética, aí passávamos a outra modalidade, essa sim bem mais conhecida, os matrecos, para usar um termo caseiro, matraquilhos como saberia que lhes chamavam mais tarde nos cafés e nos tascos, por experiência própria nos primeiros, por ouvir dizer, nos segundos. De reduzidas dimensões, pouco maiores que um tabuleiro de damas, (aqui o tabuleiro de xadrês poderia sem rebuço ocupar o lugar das damas, mas não o ocupa por duas ordens de razões, primeiro porque às damas se deve conceder toda a primazia como mandam as boas regras da etiqueta e o xadrês era jogo muito fino e pouco divulgado na época, o que não acontecia com as suas primas damas, no sentido de serem filhas de irmãos e não as primeiras) tinha-me sido oferecido pelo meu tio, teria eu os meus quatro anos.


Uma bela (?) noite, ao engarrafar o vinho que trouxera da aldeia terá ele carregado demasiado cedo na alavanca ou retirado eu o dedo demasiado tarde da embocadura da máquina (esta a dúvida que me tem acompanhado e que convosco quero partilhar) levando-me a entrar no hospital com ele, o dedo, ao dependuro, aquele que mais tarde tanta falta me faria, se o tivesse perdido e se pretendesse brindar com um gesto bem português aqueles condutores mais impacientes que nos buzinam à retaguarda. Mas não, felizmente a estreia do médico da urgência neste tipo de cirurgia correu bem. Espero que o meu dedo médio nunca se tenha virado contra ele.


E foi assim que tive direito a um jogo de matrecos. Ingénuo ou mártir, era a minha sina para a obtenção de prendas. Fora assim com o acordeão e assim fora com um pequeno jogo de futebol de mesa. Para cúmulo, não satisfeitos por quase me terem arrancado um dedo, obrigaram-me a ir com a empregada e a minha prima a pé até Ermesinde (umas três horas bem contadas para cada lado) levar um braço de cera à Santa Rita. Que diabo, só me tinham cortado um dedo.

(Continua)

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RESPOSTA 12: É o senhor careca do lado direito da primeira foto.

PERGUNTA 13: Por que é que me cortavam os sapatos à frente ?

terça-feira, abril 10, 2007

ELEMENTAR MEU CARO ...


A mulher era fotógrafa !

segunda-feira, abril 09, 2007

MISTÉRIO


A mulher dispara sobre o homem. De seguida submerge-o durante dez minutos. Finalmente pendura-o numa corda.

Depois, abraçam-se e vão jantar fora.

Como é possível?

HOMEM PREVENIDO ...

domingo, abril 08, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO

CAPÍTULO 12

Numa outra actuação, baseada na Cartilha Maternal de João de Deus, em que os intervenientes eram unicamente crianças, apresentava-se cada um de nós de bata branca com uma enorme letra presa ao peito feita em cartolina vermelha e, um a um, entravamos no palco debitando um texto em que a sua letra predominava, como por exemplo “Espirro se tomo rapé, resmungo se me arreliam…” relativo ao R que, neste caso, era a minha. Recordo-me que nos bastidores, antes do espectáculo, a azáfama era grande, o nervosismo maior e a minha vontade de urinar maior ainda. Iniciou-se a função e, um a um, lá fomos desfiando as contas do nosso abecedário até nos juntar-mos no final, alinhados, dando a ler ao público a palavra PORTUGAL. Disseram-me que me saíra a contento, que tinha movimentado muito bem os braços (que são as partes do corpo que mais estorvam o actor quando ele ainda não o é), mas que tinha estado um pouco preso de pernas. Pudera.

Outro galo cantaria, bastantes anos mais tarde, numa outra peça em que me foi dado o papel de emigrante português pretendente à mão de uma baiana numa peça com um título carregado de ambiguidade “O que é que a Baiana tem?”


O relato destas minhas incursões pelas artes da representação não ficaria completo se não trouxesse aqui um episódio que bem poderia fazer parte de qualquer sketch humorístico, actividade hoje muito em moda e que nos está a transformar num país de melancómicos. Teria eu os meus oito, nove anos e tocando acordeão fruto de uma prenda de anos do meu padrinho após insistentes pedidos de uma bicicleta, fui recrutado juntamente com mais outros dois elementos, o Marito Peludo (assim chamado por motivos óbvios) e uma outra rapariga da qual não me recordo o nome, para representar um número no intervalo de uma das peças. Sendo o Marito possuidor de uma bela voz para a sua idade, assim como que um Joselito dos Tarcísios (era este o nome dos sócios da Irmandade) que disputava com a Marisol as preferências cinéfilas da juventude do tempo, juntaram-nos num quadro de ceguinhos, eu a tocar, ele a cantar e a rapariga, talvez porque não tivessem ainda despontado nela os dotes artísticos, que os outros já os possuía, a pedir esmola com uma bandeja na mão.

Após aturados ensaios lá estávamos nós, eu sentado, acordeão aos ombros, óculos escuros e olhar difuso com o Marito a meu lado e a menina das esmolas. Abriu-se o pano e, quando me preparava para atacar a música, surge, precavido, o senhor reitor de estante e partitura em riste, colocando-as à frente do ceguinho acordeonista, na esperança de que ali mesmo, na presença da testemunhal plateia, acontecesse o milagre.



(Continua)

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RESPOSTA 11 : Porta da Sacristia


PERGUNTA 12 : Das cabeças que se vêm na plateia qual é a do Senhor Reitor?

sábado, abril 07, 2007

OVOS DA PÁSCOA

Para os que ainda não sabiam, é assim que se fabricam os ovos da Páscoa !

AS MINHAS PRENDAS DE PÁSCOA


PARA OS GULOSOS
PARA AS GULOSAS

PARA OS (AS) AVENTUREIROS (AS)


PARA OS (AS) DE BOM GOSTO

A TODOS(AS) QUE POR AQUI PASSAREM UMA FELIZ PÁSCOA


quinta-feira, abril 05, 2007


MEMÓRIAS DE CROCODILO


CAPÍTULO 11


Defronte do jardim da Praça Rainha D. Amélia existe ainda hoje a Irmandade de S.Crispim e S.Crispiniano em cuja capela ajudei muitas vezes à missa o senhor Reitor, que assim gostava que o chamassem, o padre Matos. Eram aqueles santos, estrategicamente colocados ao lado e acima do altar-mor, ao que apurei depois (que dos santos queremos nós saber primeiro o que podem fazer por nós e só mais tarde o que vamos fazer com eles) oragos dos sapateiros.


Esta incumbência divina (que oráculo de onde o termo provem, se não lhe quisermos chamar padroeiro, era a resposta de Deus a quem o consultava) de proteger aqueles que tinham por missão aconchegar-nos as bases, tem por base uma lenda que nos relata andarem aqueles dois irmãos na noite de vinte e quatro de Dezembro à procura de um lugar onde dormir sem que ninguém lhes desse abrigo quando os acolheu uma viúva que vivia miseravelmente com o seu filho. Contentes, os dois irmãos, que eram sapateiros, pediram a Deus que recompensasse aquela generosa viúva. Crispim, vendo a um canto da sala um par de socos velhos pertença do rapazinho fez deles um par novo e colocou-os à beira da pedra da lareira, enquanto a viúva e o filho dormiam. Quando estes acordaram repararam que os dois hóspedes tinham desaparecido e que na lareira estava um par de socos novos cheios de moedas de ouro.


Qual o interesse desta lenda para o desenrolar da história, estará neste momento a perguntar o leitor mais exigente ou o mais apressado, por pretender, o primeiro, aquilatar dos méritos ou dos deméritos do autor ao abraçar obra de tamanho vulto, ou o segundo, para chegar célere ao fim da mesma a tempo de a desaconselhar aos amigos no próximo fim de semana?
Tão somente natural curiosidade que convosco quis partilhar, e se esta justificação não acham convincente sempre vos lembrarei que não só de radiações infravermelhas, de brilho e de cor é feita a luz, mas outrossim de discussão e perspicácia.

Por baixo da capela existia um salão onde, por altura da Páscoa e do Natal se representavam peças de teatro daquelas a puxar ao sentimento ou à gargalhada desabrida, e em que eu, não sei se pela minha convivência com as gentes do teatro se por presunção de um talento que nunca viria a ser reconhecido, (não o tinha, sei-o eu agora) por várias vezes cheirei o pó do palco.


Recordo-me que o meu primeiro papel, teria eu os meus sete ou oito anos, foi o de Espírito Mau (assim mesmo, nem Espírito Santo nem Lobo Mau) e passei toda a peça, num só acto, acocorado debaixo de uma mesa de pé de galo, coberta por uma toalha branca até ao chão à espera do momento em que o bruxo, interpretado pelo Sr. Sidónio, libertava o espírito ruim do corpo do paciente. A minha deixa era um pontapé dado pelo velho Sidónio por baixo da mesa, lembrando-me ser a altura de entrar em acção. Esbaforido, atravessava o palco de um lado ao outro aos saltos até sair pela porta da direita baixa.

Aqueles cinco segundos de representação valiam bem, nessa altura, a hora e meia de paciente espera em posição fetal debaixo de uma mesa de três pés.


(Continua)
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RESPOSTA 10 : António Pedro

PERGUNTA 11: A porta que se vê na foto do meio dava entrada para onde ?

MEMÓRIAS DE CASERNA

MAFRA - 1974
Coincidências ...
* 24 de Abril de 1974 - entrei para a tropa em Mafra (por que não me decidi mais cedo?... Também aqui tive a minha primeira noite ... de Liberdade)
* 28 de Setembro de 1974 (Crise da Maioria Silenciosa) - Mudei para o CICAP (Porto)
* 11 de Março de 1975 (Tentativa de Golpe de A.Spínola) - Mudei para o INFANTARIA 6 (Porto)
* 3 de Outubro de 1975 (Assalto ao CICAP pelas tropas do Quartel General do Porto -Pires Veloso) - Regressado nesse dia de uma licença de férias, estava de Oficial de Dia.
Estive preso no quartel durante 4 horas. Passei à disponibilidade neste mesmo dia.
Mais palavras para quê ? Era um militar Português !

AGRADECIMENTO


A todos aqueles que ontem às 17H20 e 21H20 silenciaram os seus rádios, auto-rádios e afins os meus sinceros agradecimentos.


BEM HAJAM


Mais informo que a versão broadcast existente no site da ANTENA 1 está impestada de vírus.

PARA LEMBRAR, NÃO PARA ESQUECER


- O senhor doutor gostou muito do filme "Música no Coração". Até se comoveu.

- Foi vê-lo? - pergunto surpreso a D. Maria.

- Não. Eu é que o vi e lho contei, com todos os pormenores, como ele gosta de ouvir.

in "MÁSCARAS DE SALAZAR" de Fernando Dacosta


Não foi uma ditadura de generais. Foi uma ditadura de fatos cinzentos. Que tornou cinzentos os dias das nossas vidas.

A mim, ainda me tocaram vinte e três anos...

Para que a juventude não esqueça!

quarta-feira, abril 04, 2007

MEMÓRIAS DE CROCODILO

CAPÍTULO 10
A avó Adelaide era-o pelo lado da filha e morava duas casas abaixo da Rosarinho num condomínio fechado pós-industrialização, de habitações com uma a duas assoalhadas mais cozinha e vão de telhado para sub-alugar, com anexo para as precisões no exterior. Alinhavam-se de um e de outro lado normalmente nas traseiras de habitações da média burguesia do início do século XX, e a elas se acedia da rua por uma entrada estreita com um portão que apenas se fechava à noite. “Ilhas” se chamavam e foram tidas como a primeira grande experiência de vida comunitária urbana. A segunda, foram os “prédios” também conhecidas por ilhas ao alto.

Era com um misto de timidez e deslumbramento que abria o portão de ferro pintado de verde e, protegido do sol por uma imensa videira, percorria a calçada até à casa número cinco. Lembro-me que tinha uma pia à entrada que ainda lá estava recentemente, e a porta podia ser aberta por fora através de uma abertura existente na mesma que nos permitia meter a mão e chegar ao fecho que se encontrava por dentro. Nessa altura ainda se dizia, como nas aldeias, - Entre, quem é?


Foi daqui que a minha mãe conheceu o meu pai, ou, para ser mais preciso, que a Celeste conheceu o António, nas suas idas diárias à padaria para levar o pão, até ao dia em que o levou a ele.Ali passei muitas tardes a ver televisão, num televisor comprado em segunda mão ao capitão Castro, vizinho dos meus pais no andar da Rua da Alegria, uma das tais ilhas ao alto. Foi a um canto da sala que em 1966 vibrei com os cinco a três à Coreia do Norte no Mundial de Inglaterra e nove anos mais tarde sofri com a sua morte no quarto ao lado.

Pela sua mão conheci nos finais de cinquenta António Pedro, na altura encenador do Teatro Experimental do Porto que o era na verdade pela peças arrojadas que levava à cena, e do qual guardo a ténue recordação de homem altivo e voz possante, dialogante quando se tratava de convencer os senhores da censura a deixar passar algumas das partes mais subversivas do texto e mesmo agora me assaltou a dúvida se a imagem que dele guardo é a que a minha memória registou ao vivo, se aquela que nos era mostrada pela televisão nos seus programas semanais sobre teatro ou ainda, o mais provável, uma mistura de ambas. Recordo-me de muitas peças que vi sentado logo ali na primeira fila, onde os actores me pareciam ainda maiores do que os meus olhos pareciam ver da minha altura de menino.
Mas não se pense que a Bólaida fazia parte do elenco deste teatro, tudo gente da intelectualidade portuense e não só, (onde conheci pessoas como, Alda Rodrigues, Júlio Cardoso, António Reis, Estrela Novais, João Guedes, Maria Emília Correia, Júlio Couto e vi peças como Abelha na Chuva, Macbeth, Antígona, As Filhas de Bernarda Alba), porque assim o impedia a sua iliteracia de mulher vinda de Constance, uma freguesia do Marco de Canaveses, berço igualmente de uma outra mulher essa mais famosa de seu nome verdadeiro Maria do Carmo, mas por Cármen Miranda conhecida. A minha avó era uma humilde chefe costureira, profissão que já exercia na aldeia e que acumulava agora em casa juntamente com o Teatro, (que na altura as Finanças não tinham computadores e muito menos cruzavam dados), para fazer frente às despesas da vida citadina, sozinha, porque, tal como a D. Laurinha, havia ficado órfã de marido cedo de mais, se pensarmos, como todos pensávamos na altura que, quando uma mulher se casa, o faz para toda a vida.

FOTO DE 1973

No sol posto, já reformada por doença, todos os meses me dirigia ao Teatro, ali na Travessa de Passos Manuel em frente ao restaurante Abadia, já não para me sentar na primeira fila, mas para, na fila da tesouraria, aguardar pelo envelope do vencimento.

Até ao baixar do pano.
(continua)
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RESPOSTA 9: Rua de Santo António
PERGUNTA 10: Quem é a figura da foto a preto, branco e tons de cinzento ?