FOTO : KARLUV MOST
Na infância, todos nós, na impossibilidade de contactar de perto com os nossos ídolos, fossem eles do desporto, da música ou do cinema, comprávamos aquelas carteirinhas de papel ou os rebuçados Vitória que, depois de abertas (aquelas) ou desembrulhados (estes) nos ofereciam as fotos desses mesmos ídolos. Andávamos com os repetidos no bolso para a troca ou para com eles jogar no recreio da escola ao “viradinho”. Eram os “cromos”.
Com o passar dos tempos, essas figurinhas libertaram-se da asfixia das saquetas de papel ou do doce aconchego dos rebuçados e são agora figurões fazendo tristes figuras nos mais diversos locais, em especial na BLOGOSFERA.
Travestidos de profetas do destino, de tabeliães do reino ou de místicos de pacotilha, investem sobre princesas indefesas bramindo a pena da foleirice literária, perante os quais, qualquer Margarida Rebelo Pinto passaria sem esforço por Agustina ou por Sophia.
E assim vão também eles fazendo as suas colecções que, quais troféus de caça, penduram pelas paredes da casa fazendo companhia a dálmatas de porcelana sentados em alcatifas de pelo, a cabeças de veado encimando a lareira ou a espanta-espíritos pendurados atrás das portas. Para além dos cromados no automóvel, como convém a um cromo que se preze…
Como autênticas pragas que são sugiro-lhes uma visita à KARLUV MOST, ou seja, a PONTE CARLOS, onde o vicário Nepomuceno foi deitado ao Rio Vlatava por não ter revelado ao Rei Venceslau IV o conteúdo das confissões da Rainha Sofia, sua esposa…
A água lava, purifica e apazigua os corpos e as almas…